quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Sem medo de apostar nas próprias convicções

“Vamos esperar os jogos com Vasco e Palmeiras para ver se me equivoquei”. Essas foram as palavras de Juan Carlos Osório, durante sua entrevista coletiva logo após a derrota do São Paulo para o Avaí, no último domingo, em Florianópolis. O treinador se referia ao fato de ter escolhido poupar alguns titulares na Ressacada, pensando nos confrontos decisivos pela Copa do Brasil e no rival concorrente direto a uma vaga no G4 do Brasileirão. Mais do que isso: ele sabe que será bastante cobrado caso sua estratégia não funcione.  

Juan Carlos Osório não esconde que São Paulo vai priorizar
a Copa do Brasil (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)
Osório estreou pelo São Paulo no dia 6 de julho, com uma vitória por 2 a 0 em cima do Grêmio, no Morumbi. Pouco mais de três meses depois, o trabalho do colombiano divide opiniões. Seus defensores acreditam que a chegada de alguém com uma nova mentalidade é benéfica para o futebol brasileiro de um modo geral. Em contrapartida, os críticos demonstram alguma dificuldade para entender sua maneira de trabalhar, especialmente quando se trata dos improvisos e do famoso rodízio.

O “profe” foi enfático em sua primeira entrevista à frente do Tricolor, quando considerou o rodízio "uma filosofia de vida”. E suas escalações comprovam que ele realmente leva isso muito a sério. Nas 24 oportunidades em que comandou a equipe até o momento, Osório jamais repetiu a mesma formação de um jogo para o outro – e provavelmente não será dessa vez, contra o Vasco, pela primeira partida das quartas de final da Copa do Brasil, que isso acontecerá.

Também é importante ressaltar que muitos foram os imprevistos desde a chegada do treinador ao futebol brasileiro. Além do ambiente turbulento nos bastidores do clube do Morumbi, oito jogadores (Boschilla, Denilson, Souza, Paulo Miranda, Jonathan Cafu, Ewandro, Dória e Rafael Tolói), dentre eles alguns titulares absolutos, foram negociados pelo São Paulo após Osório assumir o comando da equipe. Por motivos como estes, ao mesmo tempo em que vê seu trabalho contestado por alguns, o colombiano também demonstra muita insatisfação com o que lhe foi vendido e o que ele realmente recebeu. Apesar disso, aparentemente seu momento mais delicado no Tricolor, quando até se cogitou uma possível ida para a seleção do México, parece já ter sido superado.

Na visão de Osório, o São Paulo não tem elenco para disputar o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil com a mesma qualidade. Por isso – e por considerar ser impossível brigar pelo título do Brasileirão a 15 pontos do líder – ele resolveu priorizar uma das competições. Se a briga pelo G4 não empolga tanto assim, a chance de garantir uma vaga na Libertadores e fechar um ano complicado com uma conquista inédita na história do Tricolor faz os olhos do treinador (e por que não de todos no clube?) brilharem.

Para o duelo diante dos cariocas, hoje, às 22h, no Morumbi, o São Paulo contará com as voltas de Rogério Ceni e Ganso, recuperados de lesões. Michel Bastos e Luis Fabiano, que estavam suspensos contra o Avaí, também podem ser aproveitados. O fato é que garantir quais serão os 11 que entrarão em campo pelo Tricolor é praticamente uma tarefa impossível. Por outro lado, há uma certeza: nessa quarta-feira, mais uma vez, as convicções de Juan Carlos Osório serão testadas. E especialmente na cultura do futebol brasileiro, todos sabem que planejamento sem vitória não serve pra nada.


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

De novo você, David Braz?

O dia era 26 de abril de 2015. Palmeiras e Santos começavam a decidir o Campeonato Paulista, no Allianz Parque. O placar marcava 1 a 0 para o Verdão quando, aos dez minutos do segundo tempo, o atacante Leandro Pereira foi lançado em ótima condição e sairia cara a cara com Wladimir se não fosse por Paulo Ricardo. O zagueiro santista foi obrigado a parar a jogada, impedindo uma chance clara de gol. O árbitro Vinícius Furlan não pensou duas vezes: penalidade assinalada e expulsão. Porém, o cartão vermelho foi para David Braz, por engano. Isso mesmo. Recentemente, Braz viveu caso semelhante ao que aconteceu neste domingo, em Itaquera, na derrota santista para o Corinthians por 2 a 0.

David Braz reclama com árbitro após ser expulso.
Foto: Djalma Vassão/ Gazeta Press 
Na oportunidade, alertado por um de seus auxiliares, Furlan voltou atrás e expulsou o jogador que de fato cometeu a infração. Dessa vez, o árbitro Flávio Rodrigues Guerra não teve a mesma sorte. O auxiliar que o avisou sobre o pênalti cometido pelo lateral Zeca em Vágner Love, não conseguiu ajudá-lo na identificação do jogador. Sobrou para o zagueiro.

O pênalti foi claro e bem marcado, e Zeca deveria ter sido expulso. Isso é indiscutível. O que não está tão claro é o real motivo da expulsão de David Braz. Em entrevistas, Guerra afirmou que não conseguiu identificar quem havia cometido o pênalti no momento da jogada. Na súmula divulgada após o clássico, o árbitro justificou que o atleta foi expulso por reclamação, relatando o seguinte:

“Expulso com cartão vermelho direto por, após a marcação de um penalti contra sua equipe, vir em minha direção gesticulando de forma acintosa e ofensiva proferindo as seguintes palavras: “você está louco”, “contra o corinthians é assim mesmo”, “vai se foder, não foi penalti”, “você vai ver, vocês vão ser punidos”(...)”.

O problema é que, até ser expulso, David Braz não pareceu reclamar de forma acintosa e ofensiva. Mais do que isso, antes de mostrar o cartão vermelho ao zagueiro, Flávio Guerra vai consultar o auxiliar. Qual a necessidade dessa conversa? Alguns fatos deixam a situação um pouco contraditória e deveriam ser explicados.

Se é difícil encontrar argumentos para justificar essa expulsão polêmica, é muito simples perceber que o Corinthians foi superior do primeiro ao último minuto do clássico. Com Lucas Lima em dia de pouca inspiração, o Santos teve muitas dificuldades para criar jogadas e mal conseguiu incomodar o rival. Do outro lado, Renato Augusto e Jadson participavam constantemente das ações, ajudando os donos da casa a controlarem totalmente o meio campo. Vágner Love também deu bastante trabalho. 

Sem dúvidas, o grande nome do jogo foi Jadson, autor dos dois gols que definiram o confronto. Lucca também apareceu bem. Recém-contratado pelo Corinthians junto ao Criciúma, o atacante entrou na vaga de Malcom aos 30 minutos do segundo tempo e participou decisivamente nas jogadas dos dois gols. Pode ser que Tite tenha ganhado uma boa opção para o setor mais carente da equipe.

O Corinthians continua líder e mantém os cinco pontos de distância do Atlético-MG (o Galo fez 4 a 1 no Flamengo, no Horto, com direito a um golaço do meia Dátolo). O time terá a semana livre para trabalhar e volta a campo no próximo domingo, contra o Figueirense, em Florianópolis. Já o Santos está a quatro pontos do G4. Na quarta-feira, a equipe enfrenta o Figueirense, em Florianópolis, pela Copa do Brasil. Pelo Brasileirão, o Peixe terá pela frente o Internacional, no domingo, às 11h. O jogo será na Vila Belmiro.