“Vamos
esperar os jogos com Vasco e Palmeiras para ver se me equivoquei”. Essas foram
as palavras de Juan Carlos Osório, durante sua entrevista coletiva logo após a derrota
do São Paulo para o Avaí, no último domingo, em Florianópolis. O treinador se
referia ao fato de ter escolhido poupar alguns titulares na Ressacada, pensando nos confrontos decisivos pela Copa do Brasil e no rival concorrente direto a uma vaga no G4 do Brasileirão. Mais do
que isso: ele sabe que será bastante cobrado caso sua estratégia não funcione.
Juan Carlos Osório não esconde que São Paulo vai priorizar a Copa do Brasil (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press) |
Osório
estreou pelo São Paulo no dia 6 de julho, com uma vitória por 2 a 0 em cima do
Grêmio, no Morumbi. Pouco mais de três meses depois, o trabalho do colombiano
divide opiniões. Seus defensores acreditam que a chegada de alguém com uma nova
mentalidade é benéfica para o futebol brasileiro de um modo geral. Em contrapartida, os críticos
demonstram alguma dificuldade para entender sua maneira de trabalhar, especialmente
quando se trata dos improvisos e do famoso rodízio.
O “profe”
foi enfático em sua primeira entrevista à frente do Tricolor, quando considerou o rodízio "uma
filosofia de vida”. E suas escalações comprovam que ele realmente leva isso muito
a sério. Nas 24 oportunidades em que comandou a equipe até o momento, Osório
jamais repetiu a mesma formação de um jogo para o outro – e provavelmente não
será dessa vez, contra o Vasco, pela primeira partida das quartas de final da
Copa do Brasil, que isso acontecerá.
Também
é importante ressaltar que muitos foram os imprevistos desde a chegada do
treinador ao futebol brasileiro. Além do ambiente turbulento nos bastidores do
clube do Morumbi, oito jogadores (Boschilla, Denilson, Souza, Paulo Miranda,
Jonathan Cafu, Ewandro, Dória e Rafael Tolói), dentre eles alguns titulares
absolutos, foram negociados pelo São Paulo após Osório assumir o comando da equipe. Por motivos como estes, ao
mesmo tempo em que vê seu trabalho contestado por alguns, o colombiano também demonstra muita
insatisfação com o que lhe foi vendido e o que ele realmente recebeu. Apesar
disso, aparentemente seu momento mais delicado no Tricolor,
quando até se cogitou uma possível ida para a seleção do México, parece já ter
sido superado.
Na
visão de Osório, o São Paulo não tem elenco para disputar o Campeonato
Brasileiro e a Copa do Brasil com a mesma qualidade. Por isso – e por
considerar ser impossível brigar pelo título do Brasileirão a 15 pontos do
líder – ele resolveu priorizar uma das competições. Se a briga pelo
G4 não empolga tanto assim, a chance de garantir uma vaga na Libertadores e
fechar um ano complicado com uma conquista inédita na história do Tricolor faz os olhos do treinador (e
por que não de todos no clube?) brilharem.
Para
o duelo diante dos cariocas, hoje, às 22h, no Morumbi, o São Paulo contará com as voltas de Rogério Ceni
e Ganso, recuperados de lesões. Michel Bastos e Luis Fabiano, que estavam
suspensos contra o Avaí, também podem ser aproveitados. O fato é que garantir
quais serão os 11 que entrarão em campo pelo Tricolor é praticamente uma tarefa
impossível. Por outro lado, há uma certeza: nessa quarta-feira, mais uma vez,
as convicções de Juan Carlos Osório serão testadas. E especialmente na cultura do futebol
brasileiro, todos sabem que planejamento sem vitória não serve pra nada.